03/11/2012 - 04h00
Até então "protegido" pela língua
nacional, o mercado editorial brasileiro atingiu tamanho de gente grande e
começa a atrair importantes grupos internacionais.
Com R$ 6,2 bilhões de faturamento e 469,5 mil
exemplares vendidos, o Brasil é o nono maior mercado editorial do mundo,
segundo estudo recém-publicado da Associação Internacional dos Editores (IPA,
na sigla em inglês).
É o primeiro estudo que trás a movimentação total
do mercado nacional, considerando o preço pago pelo consumidor. O faturamento
das editoras, medido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), foi de R$ 4,8
bilhões em 2011.
A compra de 45% da Companhia das Letras pela
britânica Penguin no final de 2011 foi o início de um movimento que deve se
intensificar, avalia o consultor Carlo Carrenho, do site PublishNews.
Diferentemente do que acontece em setores como
meios de comunicação, não há impedimento para a entrada de estrangeiros no
mercado editorial. Os espanhóis já estão no país há alguns anos e a portuguesa
LeYa comprou a Casa da Palavra no ano passado.
O mercado brasileiro, junto com China e Índia, está
no foco da Random House Penguin, união de duas das maiores editoras do mundo
anunciada na semana passada.
"Não tivemos muitas aquisições de estrangeiros
no passado por conta do idioma. Mas, com o tamanho do mercado brasileiro, com a
classe C entrando, o Brasil está cada vez mais atraente", diz Carrenho.
Dados da CBL mostram que o livro está mais barato e
o brasileiro anda lendo mais.
O preço médio do livro caiu 6,1% em 2011,
considerando apenas preços praticados no mercado privado. Incluindo compras de
governo, o preço médio ficou estável (alta de 0,1%). O governo representa 39,5%
do mercado.
Em volume, as vendas subiram 7,2% -o brasileiro
comprou 3,34% mais, e o governo,13,7% mais. Já em receita, a alta foi de 7,4%.
Ou 0,81%, descontada a inflação.
Na opinião de Carrenho, as editoras estão em
situação confortável para conversar, pois estão saudáveis e com perspectiva de
crescimento. "Há muito espaço para as editoras se tornarem globais, com
uma administração profissional", diz. "As editoras são empresas
familiares e só têm a ganhar ao fazer parte de grandes grupos."
Fonte: Mariana Barbosa da Folha de São Paulo
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