Fruto de dez anos de trabalho, novo livro sobre insetos traz informações atualizadas de espécies que ocorrem no Brasil e deverá incentivar pesquisas na área de entomologia.
Após 40 anos sem um material de referência atualizado, estudantes e pesquisadores brasileiros de entomologia ganharam um novo tratado sobre os animais da classe Insecta que ocorrem em território nacional. Lançado recentemente, Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia serve de apoio à pesquisa e à formação de zoólogos, agrônomos e engenheiros florestais. Leigos interessados também podem tirar proveito da obra.
Participaram de sua elaboração 71 pesquisadores, coordenados pelo entomólogo José Albertino Rafael, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. O resultado do trabalho, que levou dez anos para ser concluído, são mais de 800 páginas de texto e cerca de 1,7 mil imagens, entre gráficos, ilustrações e fotos. Ao longo de 43 capítulos, todas as 30 ordens de insetos que ocorrem no Brasil são abordadas.
O entomólogo do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Gabriel Augusto Rodrigues de Melo, um dos editores de Insetos do Brasil, explica que o principal propósito do trabalho é atualizar informações sobre a classe e propor chaves de identificação de espécies em nível de ordem, família e algumas subfamílias.
Até agora o único material de referência para estudantes e pesquisadores brasileiros da área era o livro quase homônimo Insetos do Brasil, do médico e entomologista Angelo Moreira da Costa Lima (1887-1964). A obra, publicada em 12 volumes, entre 1938 e 1962, foi considerada de grande importância para o estudo de insetos, mas com o passar dos anos ficou obsoleta.
Segundo Gabriel Melo, outras publicações nacionais sobre a classe Insecta se limitam a poucos grupos desses animais ou focalizam o aspecto aplicado da entomologia. “A alternativa que restava era recorrer a trabalhos estrangeiros, que, na maioria das vezes, tratam de uma fauna diferente da nossa”, afirma.
Universo ainda pouco explorado
Embora a obra tenha foco na classificação dos insetos, os 11 capítulos iniciais trazem informações gerais sobre aspectos comuns a todas as espécies, além de dados sobre biodiversidade, distribuição geográfica e orientações para coleta e estudo desses animais.De acordo com os autores, há cerca de 90 mil espécies de insetos descritas no Brasil. “Estimamos que mais de 300 mil ainda estão por ser descobertas”, diz o entomólogo da UFPR Claudio José Barros de Carvalho, que também participou da edição do livro. O Brasil, segundo o pesquisador, é o país com a maior diversidade de insetos do mundo.
Os editores explicam que a quantidade de espécies conhecidas tem relação direta com o interesse acadêmico por determinada ordem. “Quando há pouca gente dedicada a estudar um grupo de insetos, a identificação de novas espécies nesse grupo fica comprometida”, explica Gabriel Melo.
A ordem Hymenoptera, que compreende abelhas e formigas, por exemplo, tem 10 mil espécies descritas, mas os pesquisadores estimam que haja mais 60 mil que ainda não foram identificadas. Na ordem Coleoptera (que engloba animais como besouros e joaninhas), além das 28 mil conhecidas, acredita-se haver outras 112 mil.
Melo considera que a falta de um tratado atualizado sobre insetos do Brasil era um empecilho para que a entomologia avançasse no país. “Esperamos que o livro, além de atrair novos interessados no estudo dos insetos, sirva de referência para o ensino e dê suporte para pesquisas, principalmente de ordens ainda pouco estudadas.”
Fonte: Katy Mary de FariasEspecial para a CH On-line/ PR
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