segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um bibliotecário escritor




Gilson Borges Corrêa é bibliotecário da Universidade Federal do Rio Grande, RS (FURG) e também é licenciado em Letras. Escreve desde pequeno. Tem alguns contos e crônicas indexados em sites e escreveu alguns romances. Participou do Prêmio do Sesc de Literatura em 2004 e ficou entre os finalistas com o romance “A barca”. Há algum tempo, terminou “O doce bordado azul”, romance que procura depurar a solidão e o sofrimento de duas mulheres, através das mazelas de sua vida cotidiana, o modo de enfrentamento com as vicissitudes e o desejo de se tornarem parte da comunidade em que vivem, sem abandonarem de fato as suas verdadeiras aspirações. Romances recentes: “A morte original”, “A casa oblíqua”. Na categoria “crônicas”, Gilson foi premiado em 1º lugar com duas crônicas, participando do XXIII Concurso Internacional Literário de 2008, realizado pela Editora All Print, de São Paulo. Sendo assim, foi publicada uma coletânea com vários autores nas categorias conto, poesia e crônica. O livro chama-se “Outras águas”. Em 2009 publicou o romance “O eclipse de Serguei” que está à venda no site da editora biblioteca24x7sevensystem.Também podendo ser adquirido na livraria Vanguarda em Rio Grande.


Obras:


- Eclipse de Serguei



Nem sempre o homem procede segundo suas ideologias. Serguei é um destes que duvida de suas próprias idéias, embora atue conforme preconceitos arraigados, que o tornam um ser em conflito com sua vida pessoal e as pessoas que o cercam. Sua vida se torna insuportável, em virtude da deterioração dos relacionamentos, desde a presença materna, que o agride a cada momento, em sua pretensa mediocridade, ao lado da empregada, considerada sempre um objeto descartável até a mulher que ama, da qual se afasta ao descobrir sua origem judia. Seu sofrimento se amplia com a eterna ausência do pai, cuja partida ocorreu no mesmo momento fenômeno do eclipse, tão esperado, na infância. Agarra-se ao ambiente do cartório onde trabalha, cenário ideal para as suas crenças discriminatórias. Mal sabe ele, que os supostos companheiros nada mais são do que marionetes, sob a figura onipresente do Venerável, o chefe supremo que parece conduzir o destino de todos, cujo principal objetivo é acabar com a supostas escória da sociedade. Será ele o escolhido?


- Hiatos e Pontos de Vista


Livro de contos e crônicas que tentam representar a realidade através de um olhar inquisidor e curioso, tanto da infância, quanto da maturidade ou velhice. São pontos de vista afetivos, políticos, urbanos, materializados nos atos de sobrevivência e sonho, pontos de vista entrecortados por hiatos de dúvidas ou reflexões. Nem sempre o que procuramos está na "margem oposta", mas bem próximo aos nossos olhos, ou quem sabe encontramos "na visita", muito além do que imaginamos. São contos e crônicas onde o amor e a busca da verdade prevalecem. Basta olharmos com olhos amorosos o outro ou a nós mesmos. Recordações que todos tivemos um dia. Ou vamos ter.



 Entrevista:
1)    Com que idade começou a escrever ? Teve alguma influência de alguém ?
Gilson: Acho que comecei a escrever quando aprendi a ler. Ficava muito tempo tentando descobrir o significado das palavras, principalmente nos jornais e revistas que meu pai lia. Ele me incentivava muito nesta descoberta. Também ganhava muitos livros, lembro que na 4ª série primária, ganhei “Aladim e a a lâmpada maravilhosa” e devorei o livro em pouco tempo. Em seguida, veio “Tiradentes e o aleijadinho : as duas sombras de Ouro Preto”, de Sérgio d. T. Macedo, livro que possuo até hoje. Também lia as histórias do Sítio do Picapau Amarelo (esta uma coleção de minha irmã). O que eu adorava mesmo eram as histórias de mistério de Ellery Queen, cheias de suspense e emoção. Eu tinha coleção. Ainda no primário, inventava muitas histórias e sempre me saía bem nas redações. Com uns 11, 12 anos escrevia histórias em cadernos.

2)    Que hora do dia costuma escrever ? Segue alguma disciplina ou quando dá vontade de escrever ?
Gilson: Durante o dia, penso em fatos, acontecimentos comuns do cotidiano, observo pessoas que me chamam a atenção, ou mesmo situações contadas por alguém, mas para escrever, eu prefiro a noite. Nestas horas, me sinto mais disposto até fisicamente, mais livre e pronto para fazer o que gosto. As ideias surgem nos horários mais inusitados, mas a vontade de escrever é principalmente à noite.


3)    Quantos romances você já escreveu ?
Gilson: Escrevo dezenas de contos e crônicas, mas romances, me atrevi a fazer sete. São eles: “A barca”, que foi finalista no Prêmio SESC de literatura, “A casa oblíqua”,  “O Vale de |Josafá”, “A morte original”, “O doce bordado azul”, “Pássaro incauto na janela” (postado no meu blog) e “O eclipse de Serguei”. Este pode ser adquirido pela Livraria Vanguarda http://www.livrariavanguarda.com.br/index.php?n_sistema=3010&codigo_categoria=Nzkx&codigo_produto=MTA4MzA3 .  Apenas publiquei “O eclipse de Serguei”, também em e-book, pela editora Biblioteca 24x7.
No site www.clubedosautores.com.br, disponibilizei o romance “A casa obliqua”, que pode ser impresso quando solicitado ou na modalidade de e-book, além do livro de contos e crônicas “Hiatos e pontos de vista”, também através dos mesmos processos.
O livro de crônicas “Outras águas”, uma coletânea com vários autores, foi publicado pela All Print Editora .


4)    Como funciona a lei dos direitos autorais se você já disponibilizou uma obra na rede ? Tem retorno financeiro ou é mais para divulgação da obra ?
 Gilson: Alguns sites protegem o documento, mas isto não impede por completo que a obra seja manipulada ou copiada de alguma forma. Há a lei de direitos autorais, no Brasil, que protege a propriedade intelectual. Mas na internet é muito difícil impedir que seja cumprida. Entretanto, o mais adequado é fazer um documento de registro ou averbação junto à biblioteca nacional para garantir a autoria da obra. Além disso, conseguir-se o ISBN. O que acontece com crônicas, por exemplo, é a possibilidade de algum blogueiro usar a crônica no seu blog, a partir de um pedido por e-mail e fazer a citação adequada.  Outro dia, recebi a solicitação da Secretária da RBE-AMPED  para utilizar a minha monografia sobre identificadores de qualidade de periódicos e um artigo sobre este assunto para utilizar em prováveis estudos.
 Já disponibilizei um romance no meu blog, “o Pássaro incauto na janela” e obtive bastantes leituras e comentários. O retorno é puramente de divulgação. Quanto ao livro impresso, participei de várias feiras do livro  (Rio Grande, Gramado, São Borja, Caxias) e consegui algum reconhecimento.

5)    Quais seus autores preferidos brasileiros e estrangeiros ?
Gilson: Na escola, lia Machado de Assis, por obrigação. Inclusive, um dos nossos livros de gramática da língua portuguesa tinha o Machado na capa, além de Camões, José de Alencar e outros. Já adulto, no curso de Letras, reli Machado, mas agora com prazer. Li todos os romances dele, gosto especialmente os que são classificados no realismo, inclusive o tipo de desenho psicológico dos personagens.   Gosto também dos contos de Machado. Outro autor que aprecio muito, inclusive li quase todos os livros dele, ( desde Metamorfose , O Processo, O castelo, etc.) é Kafka, um escritor surrealista e ao mesmo tempo, com um pé firme na vida cotidiana e atual. Outros que citaria com prazer são  Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Eça de Queirós, Sthendal, Fernando Pessoa, Macedo Miranda, Florbela Espanca, e também os contemporâneos, Letícia Wierzchowski,  Milton Hatoum, Amós Oz, Paolo Giordano, o próprio Chico Buarque. Também aprecio a literatura policial de Stephen King, Georges Simenon, Agatha Christie e Conan Doyle.


6)    Com qual gênero literário você se identifica mais ?
Gilson: Eu prefiro romance, que permite se delinear os personagens com mais profundidade, permitindo uma abordagem mais complexa, tanto das características psicológicas dos personagens, da crítica social que pode ser analisada, quanto da estrutura que permite urdir a trama. Para ler, também prefiro o romance. Leio alguma poesia, mas ainda prefiro ouvir poemas do que ler. Leio as crônicas mais na internet ou nos jornais. Compro mais livros de romances.
 

7)    Quem faz a capa dos seus livros ?
Gilson: Quando da publicação do “Eclipse de Serguei”, sugeri a arte de minha mulher, Evanoli, cujo desenho se adaptava à trama. A editora avaliou e concordou com o tema.  No caso do “Outras águas”, foi a própria editora. No clube dos autores, as capas são disponibilizadas no próprio site.  





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3 comentários:

  1. Parabéns Simone pela ideia de prestar essa homenagem ao nosso colega Gilson e pela oportunidade de conhecermos mais um pouco seu trabalho. Parabéns também ao Gilson, bibliotecário, com alma de escritor. Abração!

    Cibele Dziekaniak

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  2. Gilson! Que surpresa agradável reencontrá-lo e saber dessa tua veia de escritor. Parabéns!

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